terça-feira, 23 de setembro de 2008

IFRS cria mercado para empresas de auditoria

Fonte: Anefac

Data: 22/12/2007


Aluísio Alves*

Especialistas esperam corrida por assessoria especializada no Brasil a partir de 2008

As grandes firmas de auditoria independente estão apostando na convergência do Brasil ao padrão contábil internacional para turbinar suas receitas com consultoria no País. KPMG, Ernst & Young, Deloitte e Pricewaterhouse vêm montando grandes equipes para assessorar empresas brasileiras no processo de conversão das demonstrações financeiras às IFRS (International Financial Reporting Standards), modelo já adotado por 107 países e que será obrigatório a partir de 2010 para bancos e companhias listadas na Bolsa paulista.
O raciocínio das chamadas Big Four é simples: há muito trabalho a fazer num prazo relativamente curto. Isso porque o Iasb (órgão independente sediado em Londres, responsável pela emissão das normas IFRS) exige que o primeiro relatório oficial tenha os dados pro-forma do exercício anterior, as empresas nacionais terão que estar prontas já no início de 2009. Assim, especialistas acreditam que o ano que vem será marcado pela corrida das companhias para se aprontarem a tempo. A conversão contábil pode levar até 18 meses, afirma Sérgio Romani, sócio da área de auditoria da Ernst. Segundo ele, essa transição tende a ser menos traumática para as companhias brasileiras com ADRs listados nas bolsas dos EUA, já que são obrigadas a apresentar seus balanços em US Gaap, padrão americano que tem muitas semelhanças com o IFRS. Mas essa é a realidade de apenas 34 das mais de 450 empresas da Bovespa. As demais vão descobrir que o IFRS é um padrão muito mais minucioso, que exige um volume de informações até 50% maior do que elas apresentam hoje e que a maioria nem sabe como apurar, alerta Romani. Assuntos como contratos de aluguel, apresentação de desempenho operacional por setores e marcação a mercado de operações com derivativos são exemplos de itens de detalhamento obrigatório nas IFRS, o que não acontece no modelo contábil brasileiro, de 1976.
Falta mão-de-obra
Mas essa ainda não é parte mais complicada. Há escassez de profissionais especializados no mercado, diz Ramon Jubels, sócio da KPMG no Brasil responsável pela recém-criada área de IFRS. Não é apenas uma opinião. Uma pesquisa realizada pela KPMG mostrou que 53% dos contadores no País não têm nenhum conhecimento sobre IFRS. Os executivos contam que boa parte deles também admite ter pouca familiaridade com o idioma inglês, conhecimento vital para implementação do modelo.
Um fator pode complicar ainda mais esse cenário: o projeto de lei n 3.741, que altera a lei contábil da chamada Lei das S.A., está na reta final de aprovação no Congresso Nacional. Ele prevê que empresas fechadas com faturamento anual acima de R$ 300 milhões ou patrimônio líquido acima de R$ 240 milhões também sejam obrigadas a publicar demonstrações contábeis segundo os padrões internacionais. Se isso acontecer, vai faltar contadores especializados em IFRS no mercado, acredita Jubels.
Atentas a essa realidade, as próprias firmas de auditoria passaram os últimos anos investindo pesado na montagem de equipes especializadas no assunto, esforço que incluiu a importação de funcionários de filiais na Europa e o envio de dezenas de brasileiros para universidades estrangeiras para cursos de MBA. Temos que complementar a formação dos profissionais, conta Edimar Facco, sócio da Deloitte. A filial brasileira da Ernst triplicou, para 6% da receita, o volume de recursos investidos em formação de pessoal nos últimos dois anos.
O trabalho das equipes incluirá o mapeamento da situação dos clientes, implementação de processos, aplicação de testes e treinamento de profissionais de relações com investidores, de recursos humanos e do Conselho de Administração. Como as métricas mudam, há impacto direto em assuntos como a remuneração de executivos e o orçamento para investimentos, o que exige o conhecimento do assunto por profissionais de diversas áreas, diz Romani, da Ernst.
http://www.anefac.com.br/m5.asp?cod_noticia=684&cod_pagina=899
Opinião:
Essas mudanças vieram pra ficar e com isso acarretará oportunidades a todos, não só profissionais da área como empresas de auditoria. É necessário um investimento pessoal e profissional para se adequar as novas tendências. Caso contrário, se tornaram obsoletos seus antigos conhecimentos contabeis

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