SÃO PAULO - A questão educacional é o maior desafio das empresas brasileiras no processo de migração de seus balanços para as normas internacionais de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês). O diagnóstico foi revelado hoje por especialistas durante a divulgação de um estudo que comparou as práticas contábeis brasileiras com as internacionais.Encomendado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e realizado pela consultoria Ernst & Young do Brasil, com apoio da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), o estudo - um calhamaço de mais de 5 mil páginas - compara 26 temas contábeis tidos como relevantes e propõe soluções para os possíveis problemas que serão encontrados no processo de adoção das IFRS. O conteúdo específico do estudo, entretanto, não foi detalhado pelos participantes do evento que apresentou o trabalho. Diante da complexidade do tema, o presidente do Conselho Curador da Fipecafi, Eliseu Martins, coloca a questão educacional como o "grande drama" da migração para as práticas internacionais. "O grande enigma é adquirir o espírito de interpretar e aplicar. Analisar a essência da transação é o mais difícil", disse Martins. Ele explicou que as normas brasileiras reproduzem fielmente o conteúdo de documentos jurídicos na hora de contabilizar, diferente do que ocorre nas IFRS, onde o que vai para o balanço é a interpretação do contador. Por exemplo, quando uma empresa informa em contrato a venda de um imóvel, com obrigatoriedade de alugá-lo do novo durante cinco anos por determinado valor, para depois recomprá-lo, um contador brasileiro lançaria no demonstrativo todas essas operações: venda, aluguel e compra. Já nas normas internacionais, ele poderia interpretar que toda essa transação objetivou, na verdade, a tomada de um empréstimo, e contabilizá-la como tal.A capacidade de disseminação dos preceitos da contabilidade internacional também preocupa os especialistas. O presidente do Conselho Consultivo da International Accounting Standard Board (IASB), órgão responsável pela elaboração das normas, Nelson Carvalho, reforça a tese. Segundo ele, o Ministério da Educação informa a existência de mais de 1,2 mil instituições que lecionam contabilidade, porém o número de docentes aptos a ensinar a contabilidade internacional não passa de 20. O Congresso Nacional aprovou em dezembro do ano passado a Lei 11.638, que trata da obrigatoriedade da convergências para as normas internacionais de contabilidade. As empresas brasileiras de capital aberto, bem como os bancos e seguradoras, terão que apresentar seus balanços referentes a 2008 já com algumas informações em IFRS. Porém, o prazo limite para a migração completa está marcado para 2010. As empresas fechadas de grande porte também terão que se adequar.
Opinião:
É de suma importância a adequação educacional para lidarmos com essas mudanças. Vejo como essencial a alteração nas grandes curriculares dos cursos oferecidos nas universidades e principalmente, uma espécie de reciclagem dos profissionais que não possuem o conhecimento adequado. O mercado de trabalho vai esquentar.
http://economia.uol.com.br/ultnot/valor/2008/08/18/ult1913u93979.jhtm
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